16/11/2006 quinta feira – juntamos no quintal da casa algumas sementes de jabuticaba e pitanga, nos despedimos do companheiro, e por um pequeno erro de percurso passamos pela vila Fátima Paulista, fazendo uma grande volta de 6 km por estradas de chão, retornamos quase ao mesmo lugar de partida e prosseguimos passando pelo trevo de Jales e fomos sair em Pontalinda, onde tivemos vontade de descansar, mas como achamos cedo ainda fomos até Auriflama, onde tivemos que nos adentrar 8 km fora da rota, e dormimos na rodoviária com permissão da vigilância.
17/11/2006 sexta feira – saímos cedo, e rompendo a estrada margeada por fazendas de cana e gado, avistamos uma pequena chácara e nos aproximamos para beber água, era de uma Nordestina que avia comprado com algumas dezenas de anos de trabalho duro, essa nos ofereceu café com macaxeira (mandioca) cozida, agradecemos e às 10 horas estávamos a beira do rio Tietê, fazendo comida, a 20 km de Araçatuba. Às 15 horas saímos, passamos em Araçatuba e fomos dormir em Bilac. Esta noite foi a primeira mais tensa de toda a viagem. É que na rodoviária, onde fomos dormir não tem vigilância, e quem é desconhecido ali se sente num inseguro esmo no deserto da cidade, e passamos ali à noite entre dormindo e acordado, temendo ser abordado, ora pela polícia, ora a galera da vida noturna.
18/11/2006 sábado – sem muita novidade, margeados pelas continuas fazendas, a diferença deu-se pelo fato de ser a estrada mais acidentalizada pela incidência de muitas ladeiras, chegamos em Rinópolis, onde encontramos um galpão, local onde os bóias-frias esperam os transportes para os canaviais, ali armamos a barraca e dormimos.
19/11/2006 domingo – enfrentando a mesma rotina de autos e baixos da estrada e canaviais chegamos à entrada da Vila Escócia, para onde resolvemos entrar para darmos uns telefonemas, mas como já estava anoitecendo decidimos por pernoitar ali, depois de tranqüilizados por algumas pessoas que ali moravam, de que era um lugar extremamente pacato. Quando tudo se “acalmara” armamos nossa barraca encostada à igreja católica. Mas logo percebemos um grupinho de vigilantes voluntários que curtia seus ópios de cada noite, na inércia da madrugada adentro. Percebemos que era inoportuna nossa presença ao ouvirmos os sussurros de insatisfação que iam se tornando cada vez mais freqüentes e ofensivos, chegando a nos xingar, então resolvemos nos aproximar do e esclarecer sobre nossa atividade.Um deles, o Danilo resolveu nos defender, tornando-se nosso escudo para qual se encaminhou à fúria dos outros. Percebendo nosso dilema, Danilo nos convidou para irmos com ele para a casa de seus pais onde lá podíamos dormir. Mas o problema, é que um dos xingadores era seu irmão e descordava da disponibilidade do Danilo. Mas o Danilo impunha-se decisivo, e insistentemente queria nos levar para sua casa sob os protestos do irmão.Em meio ao fogo cruzado entre irmãos, onde nenhum um dos dois sóbrios, nós tínhamos que tomarmos uma posição. Tentamos fazer com que o Danilo desistisse de nos levar para sua casa; dizíamos que não era fácil seus pais acolherem desconhecidos àquela hora da noite, mas fomos obrigado a concordar em ir com ele, pois ele desfazia nossos argumentos dizendo que seus pais eram bons e acolhedores. Dissemos então que íamos, mas voltaríamos para a praça. Acordo feito e aceito também pelo irmão rival. Realmente nos deparamos com duas pessoas maravilhosas que nos ofereceram o que estava em seu alcance... Bem não terminamos o bate papo o irmão rival chega já ameaçando botar para fora de sua casa, o que nos fez bater em retirada. O Danilo nos acompanhou até a praça onde dormiríamos, mas assim que ele voltou para sua casa resolvemos prosseguir estrada a fora pela madrugada, tivemos que sair para nos proteger e não sentindo segurança em pousar na beira da estrada percorremos 25 km rumo a Martinópolis. Uns 8 km antes de chegar a cidade já não agüentando o cansaço encontramos um grande espaço limpo que nos chamou atenção para armarmos a barraca e quando começamos desamarra-la percebemos pelo reflexo de um carro que tratava-se da entrada de um latifúndio, mais uma vez nos retiramos por precaução e temendo os cachorros que já avisava a presença de estranhos. Fomos parar na entrada da cidade de Martinópolis onde encontramos uma guarita de ônibus e dessa vez não armamos mais barraca, dormimos ali mesmo no banco já eram 3 da manhã.
20/11/2006 segunda feira – acordamos com sol alto, procurávamos um assentamento, mas nos informara que este estava a uns 10 ou 15 km fora da nossa rota, e que mais perto estava um acampamento, sendo para onde nos dirigíamos após darmos uma volta na cidade para resolvermos algumas questões tais como a revelação das fotos, quando tivemos a grande decepção: pois os filmes tinham sido mal colocados na máquina, não dando certo nenhuma foto desde Brasília. Ali colocamos outro filme, e agora esperamos que não estejam errados ou a máquina não dê problemas. Chegando no acampamento Barrinha nos identificamos e ali fomos acolhidos pelos companheiros acampados.Ficamos no barraco com Francisco e família e ali fomos tomando da realidade daqueles companheiros, de anos afio vivendo em barracos sob o descaso dos que governam em conivência com o latifúndio. Durante a tarde foi articulada uma reunião com os acampados onde partilhamos informes e preocupações cantamos musicas de animação da luta, quase todo o acampamento estava presente e animados se comprometeram de ver o que havia de sementes para partilhar no dia seguinte.
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