Autor: Manoel Inácio do Nascimento
Desde trás, de muito sedo
Que engrossaram nossas peles
Com Saiad e com Dorneles
Que assumiria Tancredo
Vem antes de Figueiredo
A luta contra a inflação
O povo sem direção
Para uma via de fato
Sempre é quem pagou o pato
Iludido com eleição
Representatividade
Sempre pregaram as esquerdas
Foram inúmeras as perdas
Dessa retrógrada vaidade
Que teve sua validade
Vencida pela história
Volte um século na memória
Se encontre com Conselheiro
Está aí meu companheiro
Sem dar mão à palmatória
Uma Comissão se senta
Lá nos Estados Unidos
Foi mais ou menos nos idos
De oitenta e nove à noventa
E um grande pacote inventa
Pra oferecer diretrizes
Pra governos de países
Que dívidas internas e externas
Os amarram pelas pernas
Intensificando as crises
Chamam Consenso de Washington
Ou de acordo informal
Onde o Banco mundial
E o FMI apostam
Que aquilo que eles encostam
Servem pra o terceiro mundo
Propõem esse plano imundo
A união aduaneira
Onde eles metem a madeira
Pra arrebentar nosso fundo
Para nós pobre povão
Consenso de Washington é
Onde os grandes metem o pé
E você pensa que é a mão
Dizendo que a intenção
É melhorar o país
Mas daquilo que se diz
Para aquilo que se faz
Já temos provas demais
Desse consenso infeliz
Pois toda a América Latina
Levando assim a pior
Com a medida “Open door”
Foi grande a carnificina
No México e na Argentina
O clima ficou hostil
Pra o povo a situação vil
Fome e repressão pesada
O diabo é que esta charada
Chegou também no Brasil .
“Open door” é abrir portão
Para os mais desenvolvidos
Usam vários apelidos
Pra confundir o povão
Pois esta medida cão
Em pacote se desdobra
E muito caro nos cobra
O preço que a gente paga
E o peso dessa praga
Para as costas do pobre sobra
A união aduaneira
Com o Collor se inicia
Onde a “tecnologia”
Entra aqui sem ter barreiras
Atravessando fronteiras
Sem respeito à realidade
Sem pesar desigualdade
Que isto acarretaria
A Social Democracia
Deu-lhe essa autoridade.
Se alimentando de emprego
As máquinas sofisticadas
Logo em poucas mastigadas
Nos deixou no desemprego.
A massa em desassossego
Caminha léguas e léguas
E mais sem dias de tréguas
Dados pro Collor e PC
Ficamos eu e você
Sem nada assim feito uns éguas.
Sarney, o Plano Cruzado
Mandou na nova república
Foi grande a vergonha pública
Onde tudo é congelado.
Pra manter fiscalizado
Todo mundo se mexeu
Quando a panela ferveu
Esquentou inflação subiu
Ligeiro o plano caiu
E o povo foi quem perdeu.
Em oitenta e seis, mesmo ano
Lá vem o diabo de novo
Doido pra enganar o povo
Mas caiu no desengano
Pois no diabo deste plano
Ninguém creditou mais
Petróleo subiu demais
A classe média sobrou
Nesse ninguém se engajou
E o Plano ficou pra trás
O plano Bresser Pereira
No ano de oitenta e sete
Foi o plano canivete
Chegou passando rasteira
De forma vil traiçoeira
Corta em miúdo o salário
No slogan o ideário
Era o combate à inflação
Mas produziu recessão
Sacrificando o operário.
Parecendo uma avalanche
Lá vem o Plano Verão
Grande do tamanho do cão
Sem que em nada se enganche
Arrebatou nosso lanche
Saiu feito um furação
Levou três zeros na mão
Dolarizando o cruzado
Como um ente endiabrado
Subiu levando a inflação...
Plano de tudo resolve
Até a vida de Sarney
Pois do jeito que ele “vei”
Dele ninguém se comove
Veio tirar fora os nove
Subido a taxa de juro
Deixando ao povo um futuro
De custo de vida alto
A divida interna dá salto
Pra um amanhã obscuro.
Lá vem mosquito com tosse
Valei-me São Gavião
Ressacando com o verão
Lá vem um plano precoce
Ainda antes da posse
Receita do F.M.I.
O homem de Canapi
Do Estado das Alagoas
Trazendo “ novas e boas”
Medidas pra nós aqui.
O papocado então veio
Com a volta do cruzeiro
Pois quem guardava dinheiro
No banco perdeu foi feio
No outro dia o bloqueio
Com a cobertura da Globo
Com PC planejou o roubo
Até não poder com as rédeas
Derrubou a classe média
Fez todo mundo de bobo.
O Collor com o seu arranco
Culminou com o seu Impeachment
Tentando pousar de vitima
Escapuliu do barranco
Assumindo Itamar Franco
Continuísmo se vê
Depois de Collor e PC
Continua a mesma história
Com as medidas Provisórias
Do ministro F.H.C.
Venha cá se mesmo fique
Lembre-se de Itamar Franco
Quando com maior “arranco”
Chegou o Fernando Henrique
Criando com maior pique
A tal da URV
Que fez o F.H.C
Garantir sua eleição
Provocando recessão
Fazendo o real nascer.
Bem no final do cruzeiro
Foi o maior alvoroço
Lembro que botei no bolso
Uma porção de dinheiro
Esse fluxo foi ligeiro
Não deu nem um mês direito
Pra o engano ser desfeito
E o dinheiro foi sumindo
E a gente ficou sentindo
Na panela o seu efeito
O dinheiro eles levaram
Do bolso do cidadão
Pra tampar o buracão
Dos Bancos que eles quebraram
As estatais leiloaram
Acabando o que era doce
Só muita miséria trouxe
As medidas assassinas
Desde a venda da Usiminas
A Vale do Rio doce
Enquanto na Previdência
Do Brasil era um sufoco
Era fraude, era papoco
Escândalos sem precedência
Na Argentina a decadência
Econômica estava um rolo
Mas para o nosso consolo
Aproveitando o embalo
Lá o ministro era Cavallo
E o daqui era Cutolo.
Quando as bolsas de valores
Nas cidades principais
Onde estão os capitais
Dos grandes investidores
Causam espantos e horrores
Quando elas sofrem uma queda
O investidor se arreda
Pois o que temem é confisco
De economias de riscos
Na qual é presa á moeda .
Bolsas internacionais
De Hong Kong ao Japão
Passam por grande pregão
Em dois dias cruciais.
Oito bilhões de reais
O Brasil queimou num traque
Pra o real não ter um baque
Pegou reservas do saco
E pra tampar o burraco
Manda um Pacote de ataque.
Chamam Ancora Cambial
Esse saco, meu irmão,
É que dá sustentação
Pra manter vivo o Real
As verbas do Social
Têm uma finalidade:
Manter lucratividade
Dos que saboreiam o céu
E cobrem o real com o véu
Da própria fragilidade
A bolsa Internacional
Cai mas sobe de repente
Deixando muito doente
O “pobrezim” do real
Da reserva cambial
Comeu logo oito por cento
Os juros tiveram aumento
E a medida desumana
Produziu numa semana
Mil anos de sofrimento.
Montando em nosso cangote
Vem ai à revelia
Pois já tá chegando o dia
De a gente dar o pinote
O peso desse pacote
Quer nos deixar os destroços
Engole os empregos nossos
Quem já comeu nosso ouro
Nossa carne e nosso couro
Só falta roer os ossos.
Arrocho salarial
Aumento de desemprego
É o presente de Grego
Do governo federal.
Ao morrer este Real
Vai dar esperneação
Alimentando ilusão
Este governo de novo
Vai tentar ganhar o povo
Pra sua reeleição.
Plano inconstitucional
Que desrespeita o Brasil
Demite trinta e três mil
No Serviço Federal.
É um insulto frontal
Que se abre aos quatro ventos
Os números são violentos
Na demissão que haverá
Porem só no Ceará .
São quatro mil e seiscentos.
Reduzindo a passos largos
Os cargos comissionados
Muitos estão condenados
A não subir mais de cargos
Passam momentos amargos
Terão que apertar os cintos
Satisfazendo os instintos
Dos donos dos capitais
Cargos públicos federais
São setenta mil extintos.
Vão órgãos nacionais
Como o inss
Vai o F.N.S
Que tem servido demais
E vão-se os estaduais
É o Real mostrado a face.
Vão acabar com o IDACE
Junto com ele a IOCE
E um chamado SEPROCE
A CEDAP e a EPACE.
E um corte nas Estatais
De dois virgula um bilhões
Em Autarquias e Fundações
São empregos que não vem mais
E acelerando atrás
Vai a privatização
Em noventa e oito vão
Aumentar a nossa cruz
No telefone, água e luz
Subindo a tarifação
Para mais de dez por cento
Irá o imposto de renda
Com esta medida horrenda
Só o flagelo tem aumento
Quem tem pensão ou aposento
Estão cento e cinqüenta mil
Na mira da foice hostil
Do Fernando Henrique Morte
Que quer acabar de um corte
Com o aposento no Brasil.
Vem descendo uma tragédia
Para um bem próximo futuro
Pra fazer cair do muro
O resto da classe média.
O governo tem a rédea
Forçando sua decisão
Desde impostos á extinção
Dos seus cargos ocupados
Resta pra um dos dois lados
Ela fazer opção.
F.H.C. fez um jogo
Seu pacote foi enfático
Quer fazer um recuo tático
Ao se ver brincar com fogo
Populista e demagogo
Disse que vai abrir mão
No numero de demissão
Disse um governista a esmo
Que o resto do plano mesmo
Vem depois da eleição.
Porém o capitalismo
Hoje entra em contradição
As forças de produção
Dobram -se ao mercantilismo
A fase do Imperialismo
Já é coisa do passado
O que está sendo pregado
É a globalização
E o bode de expiação
É o peso do Estado.
Dezembro/1997
2 comentários:
Nice colors. Keep up the good work. thnx!
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