12/11/2006 domingo – visitamos mais famílias e meio dia fomos para outra parte do assentamento, onde estava acontecendo um torneio de futebol, fomos de carona no gol de Jose Pereira, sua companheira Balduina, sua neta Anita Geovana e Josefa a companheira do Carlito. Lá encontramos mais pessoas entre a secretaria filha de Balduina ao final retornamos para a sede, casa do Carlito, que nos mostrou todo o processo de desapropriação daquela fazenda e o quanto tiveram que ser ágeis para não perder a terra. Denunciou também que houve incidências de morte de três companheiros na época do acampamento por contaminação pela água, por não poder usar água potável que estava na fazenda. Após tantas manifestações carinhosas daquele pessoal, que inclusive nos ofertaram fotos da resistência deles para levarmos como lembranças.fomos dormir já com saudades porque dia seguinte partiremos.
13/11/2006 segunda feira – Despedimo-nos de todos e saímos de carona no carro que leva o leite e descemos na casa de seu Tinoco e dona Maria, estávamos no outro assentamento a 20 quilômetros de Iturama - MG. Passamos o dia com a família, trocamos algumas sementes, conhecemos Dinamarquês (filha do casal) que nos mostrou “rodas de água” (essas rodas de é que faz bombeamento para abastecer as casa e irrigação). Observamos que atividade principal e também a pecuária, e a noite fomos presenteados com uma noitada de viola caipira oferecida por seu Tinoco.
14/11/2006 terça feira – saímos para fazer algumas visitas, percebemos as casas, um tanto isoladas por conta do loteamento da terra, cada casa se distancia da estrada imitando fazendas, onde o gado forma a principal povoação, andando sobre o tapete de capim, chegando vezes, uma assentado possuir ate mais de 100 cabeças, que para mantê-las tem que alugar o lotes de outros companheiros de assentamento, e outros que mantêm-se do aluguel de seus lotes. Fomos ate a noite em visitas, por fim paramos no lote de Conceição onde fomos convidados para esperar o jantar, nessa recebemos algumas sementes de pimentas, e nos informou que metade dos assentados já havia vendido seus lotes. Eles falaram da complicação que dá a venda de lotes: os que compram são pessoas descompromissadas com a causa dos sem terra, reproduzindo uma desigualdade social e causando o enfraquecimento da luta. Saímos de lá as 10 horas da noite temendo passar por uma pequena reserva onde se comentavam sobre aparecimentos de onças; atravessamos com a solidariedade de um companheiro em seu carro, que alumiava nossas bicicletas ate o final da travessia, e assim chegamos na casa de seu Tinoco para dormir.
15/11/2006 quarta feira – Acordamos cedo, arrumamos as cargas nas bicicletas e saímos. Lanchamos água de coco já em Iturama na barraca de um baiano, prosseguimos em frente, paramos a 2 km nuns restos de barracos que já havia sido antes acampamentos de sem terra, e que agora é moradia de sem tetos, que ate sugeriram que morássemos num desses, mas explicamos nosso projeto e que estávamos de passagem. Prosseguindo, paramos no posto de gasolina onde ficava a entrada de acesso ao estado de São Paulo, que já estávamos a 12 km da divisa MG/ SP. Há 2 km do posto fiscal da divisa paramos para tomar água numa casa na beira da pista de baixo de um mangueiral, encontramos uma jovem mulher, cujo marido trabalhava plantando vassoura e o mesmo as montavam para seu patrão. Ali chupamos mangas, bebemos água e conversamos com aquela companheira, que nos falou que se chama Luciana, que era casada pela segunda vez, que seu primeiro companheiro morrera em conseqüência de um raio de relâmpago em Mato Grosso, num acampamento de carvoaria, pois ele fazia carvão para um patrão, que ele havia chegado nessa região com 17 anos e ainda não tinha feito dinheiro para visitar a família, que sempre prometia para a companheira que a levaria para conhecer sua família no Nordeste, que ele era do Ceará e se chamava Antonio Ferreira Serafim, filho de Francisco Ferreira Campos e Ana Serafim Campos, nascido em 21 de janeiro de 1978, na localidade de Trussu, entre Acopiara, Catarina e Iguatu que ela havia tentado entrar em contato com a família e não tinha conseguido. Ele morreu em Cassilândia, Mato Grosso do Sul, enterrado em 20 de abril de 2005, na cidade de Chapadão do Sul, há 100 km de Cassilândia. Hoje a Luciana trabalha com seu segundo companheiro para o “Toinho”, seu patrão atual. Logo na frente encontramos a ponte do Rio Grande da mencionada divisa. Aqui estamos, há um passo à frente: São Paulo, e há um passo atrás: Minas Gerais. Nesse momento nos despertamos para bater umas fotos. Nossas bicicletas carregadas, nos fazia parecer com vendedores de peixe. Foi assim que uma senhora, mulher de um médico que estava em família a admirar aquelas paisagens. Essa companheira convidou seu companheiro para se aproximar dos peixeiros (que seríamos nós), mas ao se aproximarem de nós, viram que estávamos batendo fotos, logo lhe pairou o dilema: “nunca se viu vendedor de peixe batendo fotos!” Aproximaram-se, mas para se oferecerem para nos ajudar na “tiração” de nossas próprias fotos. Depois que se certificaram do que estávamos fazendo, o companheiro que se chamava Márcio, que era médico, que estava dando passeio por ali com a família: Leily sua comp., Ricardo seu cunhado, a filha Izabelle e o filho Cesare. Márcio disse que estávamos fazendo algo que ele sempre sonhava fazer, e perguntou se podia ajudar, respondemos que ficasse à vontade, ele então nos deu R$ 50,00 e sua camisa de torcedor do Juventus da Itália. Nos encheu de felicitações e foi embora, e nós também. Às 16 horas estávamos chegando na entrada de Turmalina – SP, onde nos com duas fileiras de mangueiral ás duas margens da estrada que dá acesso a pequena cidade, paramos ali observando os 3 km de mangas pelo chão que a margeava, e como não havíamos ainda almoçado, largamos das bicicletas e enchemos a barriga de manga, chamando a atenção de tantos quantos passassem por ali, logo seguimos para essa cidade e ao chegarmos não deixávamos de causar espantos àquela população, fomos a internet, depois que checamos e-mails ali mesmo nos informamos da existência de galpão de feira, que podíamos armar a barraca e dormir, sugeriram que antes comunicássemos a policia local, o que fizemos, e essa nos autorizou dormir no dito galpão, falando também que já havia recebido dois telefonemas dando conta da existência de dois estranhos na cidade. Após informar da nossa atividade e de onde vínhamos de bicicletas, o delegado ainda admirado nos pediu um favor: que quando voltássemos a Fortaleza tentasse localizar seu pai biológico que estava com 80 anos de idade e ele havia descoberto que o mesmo (seu pai) residia naquela cidade (Fortaleza). Ainda saímos para procurar um cartão telefônico para nos comunicarmos com nossos filhos, quando encontramos alguns jovens numa mesa de cerveja, e como nos observavam resolvemos nos aproximar e explicar o que fazíamos. Depois do dialogo, um deles ofereceu a chave de sua casa para dormirmos nela, que estava apenas com seus pertences, mas ele não dormia lá, o que aceitamos prontamente, ate porque tinha banheiro e a gente estava precisando.
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