terça-feira, 24 de julho de 2007

Relato 21 a 29/05/2007

Dia 21/05/2007 – Segunda-feira - Aniversário da Ivânia, não fizemos nada de mais, que não fosse apenas um dia de paz pela boa acolhida daquela família. Fizemos um pouco de relatório. Cantamos um pouco à noite.

Dia 22/05/2007 – Terça-feira - Ivânia esteve adoentada, mas o bom repouso a fez recuperar-se rápido. Pela noite fomos (Inácio e Jorge) ao colégio, onde Janda e Welington estudam falar do Ciclovida.

Dia 23/05/2007 – quarta-feira -– Fomos participar da manifestação do dia de lutas sociais e contra a transposição do Rio São Francisco, fomos com a família de Welington e Janda em Pirapora. Durante a manifestação ouvimos várias denúncias de crimes ecológicos. Entre ela a da poluição causada pelas indústria do grupo VOTORANTIM, situadas nos rumos da represa de Três Marias, que chegaram a matar mais de 200 toneladas de peixes, sendo o surubim, o mais atingido com os metais pesados derramados no leito do rio. Outra denúncia foi a mentira que é esta transposição: são 20 bilhões de dólares que estão para ser repassados para as empresas de construção civil, que os “lobies” estão a todo vapor pela transposição. Nós nos apresentamos na manifestação, dizendo que seríamos os supostamente beneficiados com a transposição, e no entanto somos contra porque temos a certeza de que é o agro e o hidro negócio os mais interessados e beneficiados nesta água. Falamos que existe no Ceará uma miniatura da transposição que é o Canal do Trabalhador (concebido e parido na gestão do governo de Ciro Gomes), que não serve senão para estes dois setores do poder dominante. A situação dos moradores e trabalhadores das represas que emprestaram suas águas arruinou irreversivelmente, tiveram que bater em retirada porque não dá para plantar na beira d’água por o nível destas, baixarem aceleradamente. Ao final da manifestação voltamos para casa deles (Welington e Janda) novamente. Pela tarde o Alemão da CPT e Arlete da Graal vieram lá, levando parte da nossa bagagem, diminuindo nosso peso até Montes Claros, onde pegaremos, ao passarmos por lá nesses 3 ou 4 dias. A tarde fomos para Pirapora novamente, já para irmos embora, Welington nos acompanharam até Pirapora para um encontro com uns jornalistas, com os quais marcamos de fazer, e fizemos, uma fotos na areia do rio São Francisco. Após isto fomos para um acampamento José Bandeira, do MST, que ficamos sabendo que existia em Pirapora, chegamos a noite na sede, depois de nos explicarmos para a portaria e a coordenação. Lá encontramos acolhida na casa de Ismael, sua companheira Edilene e o Léo que aperreava muito ela de pincunhenta e ela também o aperreava muito, isto era brincando, todos se gostam muito. Foi muito gostoso ficar com eles.

Dia 24/05/2007 – quinta-feira - Participamos de uma assembléia da comunidade que já está com 12 anos que estão ali, mas estão dentro da fazenda, e desenvolvem atividades diversas, tanto de forma coletiva como individual. A noite fomos brincar com o violão na casa de Solange, ouvindo musicas bregas cantadas por ela (que lembrava muito nosso assentamento da Barra do Leme, em Pentecoste, lembrando muito os Ló: Lurdes, Mundinha, Bia, Diassis, Antônio Ló e Zé Maria, com quem muitas vezes nos divertimos com violão e músicas bregas nas quebradas do sertão e até acampamentos, com repertório de músicas antigas).

Dia25/05/2007 –sexta-feira – Fomos visitar os roçados coletivos e individuais, mini-cooperativas de produção na beira do grande rio, o São Francisco. Ficamos o resto do dia com os demais companheiros, e a noite com o jovem casal de militante que nos abrigou. Informaram sobre a realidade daquela terra, que era uma fazenda que funcionava como um confinamento de gado, onde vários fazendeiros traziam seus gados para serem cuidados. Era muito estruturada, tinha a principal função cultivo de ração para bovinos, isto na beira do rio.

Dia26/052007 – sábado – Despedimo-nos, saímos rumo a Montes Claros, passamos por Guaicuí, onde passa o rio das Velhas, principal afluente do rio São Francisco, conversamos com pescadores, que nos falaram da tristeza que é o rio hoje, principalmente depois do desastre ecológico causado pelo grupo Votorantim, que matou mais de 200 toneladas de peixe. Fomos informados também da existência de uma antiga igreja feita pelos negros há mais de 200 anos atrás, cujo teto hoje, é um árvore de gameleira, que nasceu montada na parede da frente do prédio.

Dia27/05/2007 – domingo – Passamos o dia subindo, pegamos a estrada circuito Serra do Cabral, almoçamos pão na cidadezinha de Água Boa, chegamos em M. Claros às 3:40h, ficamos num posto de gasolina, que por ironia era de um português, que segundo os funcionários não aceitava viajantes se abrigarem naquele espaço, nem se quer tomar banho nos banheiros do posto. Resolvemos ficar, enfrentando a circunstância desafiadora, tomamos banho, e dormimos. Agradecemos aos funcionários que não foram coniventes com o dono e não nos incomodaram.

Dia 28/05/2007 – segunda-feira – dirigimo-nos para a CPT de Montes Claros, encontramos o Avilmar da Pastoral da Terra e o Valdir do MST, o último estava ferido a bala pelos jagunços de um fazenda, onde participara de uma resistência de Quilombolas, dia 17 deste, nas imediações de Verdelândia. Fizemos uma matéria filmada com os dois relatando a situação. Lá fizemos nossa comida e partimos para passar na CAA. Já saímos depois das 16 horas e dormimos debaixo de uma mangueira, numa comunidade de pequenos produtores.

Dia 29/05/2007 – terça-feira – os moradores ofereceram-nos café, tomamos e saímos, adiante resolvemos nos demorar um pouco numas casinhas na beira do asfalto, o pessoal tinha muitas plantas, cujas sementes eram de origem natural, pegamos com eles algumas sementes, descansamos um pouco e terminamos de chegar no CAA às 13h40min. Fomos recebidos pelo pessoal do beneficiamento dos frutos do cerrado, a maior quantidade de fruto que estava sendo beneficiada era de cajá-manga, e explicaram que são muitas, há uma riqueza de biodiversidade. Há plantas e animais, cada uma com suas funções na caatinga e no cerrado, e cada qual tem seu tempo. O jovem Isaías pontificou-se para nos apresentar o funcionamento da cooperativa em seus aspectos, desde o agro-industrial, ao agroflorestal, educativo e administrativo. Funciona com o envolvimento de várias comunidades de pequenos produtores. Almoçamos com o pessoal, e andamos conhecendo aquele ambiente sob suas orientações, e junto com Natalino, sua companheira o Raimundo e a Natália, filha do casal que mora e trabalha lá dentro. Foi-nos autorizado entrar no banco de sementes para escolhermos as que nos interessassem, assim fizemos. A noite teve uma reunião, discutindo organização da casa, da qual participamos. Dormimos.

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