quarta-feira, 21 de junho de 2006

Notícias da Estrada 04

Narrado pelo Ciclovida:

Quinta parada – Dia 25 de Maio, quinta-feira - Acarape. As 11 horas, encontramos com a presidenta do sindicato dos servidores públicos de Acarape e Barreira, que há um mês atrás havia se comprometido de contribuir com o Ciclovida na compra de 50 reais de literatura de cordel, justificando não ser possível por não ter como encontrar hoje a pessoa responsável pela liberação de recursos, despachando por sua conta uma mini cesta de alimentos no valor aproximado de 15 reais.

Encontramos em seguida com Fran derlan e Sandra num carro do ESPLAR que nos convidaram para passar na comunidade, precisamente na vila dos Guilherme, município de Chorozinho, onde estão construindo cisternas pelo programa “1 milhão de cisternas” para conversarmos sobre sementes. Os mesmos levaram nossas bagagens até a dita comunidade e nos esperariam a noite. Logo mais fomos convidados para um almoço oferecido por Margarida e João Paulo. Almoçamos juntos com a galera do Grupo Alternativo da Juventude de Acarape ( GAJA): Margarida, João Paulo e Francisco seu irmão, Cássia, Katiane e Sharlon. Este grupo desenvolve atividades libertárias junto a juventude do Acarape, além de apoiar a luta sócio-ecológica do Grupo Autônomo do Assentamento 24 de Abril, desse município e outras lutas como a do ciclovida. As duas horas da tarde caímos na estrada rumo ao Chorozinho.

Sexta parada – Lagoa dos Patos, às 5 horas do mesmo dia. Chegamos à Vila dos Guilherme, encontramos com o Fran e a Sandra, que nos apresentaram ao pessoal que construía as cisternas em forma de mutirão e confeccionava as bombas de puxar água das cisternas. Logo à noitinha fomos convidados a expor os objetivos da caminhada do Ciclovida, o que fizemos, colocando que buscamos realizar uma tarefa, a de fazer um levantamento sobre as sementes naturais, partilhando uma preocupação com os rumos que estas estão tomando sob a ofensiva da dominação da indústria do agro-negócio e suas metas de em pouco tempo controlar de todo o processo produtivo do setor agrícola a partir da apropriação das sementes.

Hoje ainda restam algumas sementes como o milho, feijão, arroz, entre outras que fazem parte do cotidiano dos plantadores. As sementes mais ameaçadas hoje são as das hortaliças, que já receberam um tratamento de enfraquecimento genético para que não se reproduzam nas mãos de quem as plantam. Falamos da contradição que pode ser uma Reforma Agrária, onde o agricultor toma posse da terra ao mesmo tempo em que perde a posse das sementes, que significa também a perda da autonomia frente ao processo produtivo no campo agrário. Falamos também que não é possível realizarmos ocupações de cunho econômico, mas de cunho sócio ecológico, travando discussões políticas de produção e apropriação, pois nosso produtivismo aumenta a força política com que a classe dominante nos massacra.

O desaparecimento das sementes das nossas mãos é uma situação que temos que contornar, do contrário, teremos no campo uma situação incompatível com a vida e com os próprios interesses históricos dos explorados, arriscando de ficarmos completamente impotentes (com risco de irreversibilidade do possesso) se não tomarmos desde já uma atitude com relação a tudo isso. Relutar para não perder a posse das sementes naturais e por uma nova relação social de produção e do ser humano com a terra é uma condição, “sine qua non” para buscarmos a reversibilidade do reequilíbrio da vida na terra. Conhecemos, entre outras pessoas, o Sr. Chico Rufino e o companheiro Bosco, este último escreve poesias ressaltando os lamentos da terra e da natureza, cantando em forma de música. Este pessoal é também muito sensível à questão das sementes. Depois que nos ofereceram um jantar, deram-nos uma casa para dormir, onde dormimos: Inácio, Bartira, Bruno, Fran e Sandra depois de conversarmos e cantarmos as músicas do Ciclovida até aproximadamente meia noite.

Um comentário:

Anônimo disse...

parabeniso a iniciativa e desejo muita sorte