terça-feira, 24 de julho de 2007

Relato 14 a 19/06/07

Dia 14/06/2007 – quinta-feira – saímos as 5 horas da manhã e chegamos às 11 horas em Bom Jesus da Lapa. Passamos uma revista na feira e fomos em seguida ao STR, cujo presidente, com quem conversamos longamente, é um quilombola. Vive numa terra como um assentamento, mas com características diferente na forma da conquista. Para a terra ser desapropriada há uma comunidade quilombola que a reivindica, depois é feito uma espécie de levantamento de antecedentes, pesquisas e estudos antropológicos para serem apresentados pareceres em forma de laudo, onde são avaliados o indícios e sinais deixados pela comunidade quilombola que deu origem a atual comunidade. Essa comunidade vai provar sua descendência do antigo quilombo. Na comunidade que este companheiro faz parte há uma auto-suficiência alimentar, todos os plantios de lá são orgânicos e naturais não queimam e nem passam trator. Diz que se vive e produz na forma de antigamente. Não vamos visitar agora porque fica há mais de 70 km daqui. Mas ficamos de voltar um dia para uma visita. Saímos de lá para debaixo de uma ponte, onde fizemos comida e comemos, depois fomos filmar a igreja da lapa, dentro da gruta. A noite encontramos com os dois diretores do STR com os quais conversamos bastante, perto da praça. Nos convidaram para dormir no sindicato, mas queríamos mesmo dormir na rodoviária para pegar o primeiro carro para Barra, onde, segundo disseram, pegaríamos barco para Juazeiro da Bahia.

Dia 15/06/2007 – sexta-feira – saímos de ônibus às 5 da manhã, chegamos 11 horas na cidade da Barra, tentamos sair de ônibus, mas nenhum quis levar as bicicletas, então resolvemos andar um pouco mais de bicicleta, rumo á próxima cidade que é Xiquexique, Bahia, segundo dizem, é mais fácil barcos, pois na cidade de Barra não tinha. Saímos da rodoviária, fomos para a beira do rio, almoçamos a comida feita no dia anterior. Fomos observar um pouco a feira da cidade. Saímos as 16 horas da cidade, e quando atravessamos o rio de balsa para pegarmos a estrada para Xiquexique, aconselharam-nos a dormir ali, que se passava a noite em movimento, naquela travessia de balsas. Ali ficamos, mas lá pela madrugada, ficamos muito atento para conversas de alguns homens, contando um “montão” de atrocidades, que misturavam filmes aterrorizantes, vida real e realidade virtual, se praticaram ou não, não se pode ter certeza, mas falavam inclusive de violências sexuais e assaltos com vítimas violentadas. Isto foi de 0:00h até as 4 da manhã.

Dia 16/06/2007 – sábado – Saímos no rumo de Xique–Xique, chegamos numa pequena comunidade de pescadores, pelo meio dia, onde nos apresentamos e conversamos, escutamos eles falarem de suas experiências de pescadores nômades, e eles escutaram nós falarmos também do nosso tipo de nomadismo. Daí a pouco fizemos arroz e macarrão e fizemos uma partilha mútua, pois eles já tinham feijão cozido. Eles estão pretendendo morar mais tempo naquele lugar porque não dá mais para viver só de peixe, eles dizem que antes dava, mas agora... Ali eles estão criando bode e estão com uns projetos comunitários para plantar irrigado, na cidade tem uma casinha mas preferem morar no interior nem que seja para plantar pagando renda. Tiramos fotos, filmamos um pouco, nos despedimos e prosseguimos. Quando foi ficando quase no escuro da noite, chegamos noutra comunidade de pescadores, é que estávamos andando pelo vale do São Francisco, há uns 4 km do seu leito, esta comunidade chama-se Pedra Vermelha. Nos apresentamos numa das casas da comunidade, que depois de nos compreender, nos acolheu com alegria. Ali jantamos peixe na casa desta família. A noite armamos as barracas na área de um grupo escolar.

Dia 17/06/2007 – domingo – fomos visitar as outras famílias daquela comunidade, acompanhados por umas jovens que nos apresentaram a várias pessoas, e nos levaram até o rio. Almoçamos com os pescadores na beira d’água. A tarde saímos para Xique-Xique que está há uns 20 km dali. Chegamos a tardinha, e à tardinha mesmo, quando ficamos sabendo que não tinha barco dali nesses 3 dias. Saímos rumo ao assentamento Cerro Azul há mais de 30 km dali, próximo a o povoado de Boa Vista, o último ponto possível de se pegar barcos, pois lá já está próximo da represa de Sobradinho. A estrada era de terra, segundo dizem, que tem muita areia. E realmente foi difícil romper, mas chegamos às 3 da madrugada na comunidade, ainda tinha uma casa aberta porque estava acontecendo um ensaio de forró de teclado, e as pessoas aproveitaram para tomar um cachacinha e dançar. Não foi fácil para nos explicarmos porque muitos homens estavam quase alterados pela bebida, com muito trabalho conseguimos nos explicar, e fomos dormir quase o dia amanhecendo, com as barracas armadas dentro de uma casinha de taipa. Que funciona como uma despensa.

Dia 18/06/2007 – segunda-feira – passamos o dia conhecendo a realidade daquele assentamento, que fica à beira do rio São Francisco, mas está seco como qualquer outra parte do Nordeste. Há estrutura de água de poço para irrigação, como também espaço. A noite houve mais ensaios.

Dia 19/06/2007 – terça-feira – Saímos rumo a Boa Vista, para pegarmos o barco. Paramos em pequenas comunidades e ao meio dia estávamos chegando, nos surpreendeu uma grande estrutura de irrigação parecida com o Projeto Jaiba, tiramos algumas fotos por curiosidade, mas percebemos que era algo assombroso, feito e administrado pela CONDEVASF, parecido com um elefante branco. Terminamos de chegar, fizemos comida, e muita amizade com pessoal da vila, ganhamos peixe, e passamos o resto do dia conversado com a criançada do lugar. Conhecemos a Silvânia, @s filh@s: Ioglas, Cládio, Ivaci e Leonis; seu companheiro Nildo sua mãe Silvina e pai Delmiro. Tem também Elieza a sua irmã, com uma nenenzinha a Etiele, A noite passamos um tempinho conversando e depois fomos dormir na área de uma casa de farinha desativada momentaneamente.

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