quinta-feira, 12 de abril de 2007

Fotos de Curitiba

Arredores de Curitiba

Arredores de Curitiba com resquícios de Mata Atlântica

Horta Agroecológica

Horta da Dona Júlia - Curitiba

Parque São Lourenço

Parque São Lourenço

Saída de Curitiba

Sementes de Arraça

Notícias da estrada (24/03 a 01/04)

24/03/2007

Levantamos cedo, o padre nos ofereceu merenda. Arrumamos as coisas e deixamos as sementes de alface do Lucas, com senhora da limpeza, merendamos e seguimos viagem. Depois de 15 km compramos uns pães para comer. Mas uns 20 km encontramos água e sombra e fizemos o almoço, Inácio e Jorge ainda dormiram um pouco, o tempo se anunciava chuva e saímos às pressas. Ainda na cidade demos um parada na calçada para rever o mapa e conversar um pouco, continuando a viagem e dentro de 15 km o pneu furou, então paramos em um posto e fomos remendá-lo, e também nos preparamos para dormir.

25/03/2007

Acordamos cedo, ajeitamos as bicicletas e quando estávamos saindo um caminhoneiro nos deu uma lata de leite em pó. Andamos uns 20km onde merendamos pão café e leite. andamos mais uns 15 km paramos um pouco em um posto e mais na frente encontramos um rio, onde fizemos almoço com um jerimum que encontramos na estrada, lavamos as roupas e tomamos banho. Seguimos numa descida de serra muito perigosa, sem acostamento. Chegamos já noite numa vila rural e dormimos numa parada de ônibus na descida da serra, depois sentimos o perigo pois os caminhões passavam em alta velocidade e não tinha intervalo nenhum minuto...Muito barulho!

26/03/2007

Saímos, andamos uns 10km, mas antes conversamos com um agricultor de 70 anos que contou sua história e falamos do nosso projeto. E ali na vila, no pé da serra ele disse que ainda faz plantações sem veneno: macaxeira, verduras, banana e milho. Paramos na cidade de Cajati, fomos ver os emeios, merendamos e saímos dali umas 11 horas. O sol estava muito quente e paramos em um posto para telefonar para os meninos e descansar um pouco, comemos um resto de biscoito com leite e café. Quando um caminhoneiro, meio sem jeito, nos oferece 13 reais, bebemos bastante água e seguimos. Neste dia a estrada era boa. Umas 3:00 horas paramos para encher as garrafas numa parada que vendia orquídeas, a vendedora não ficou alegre com a “clientela”, mas desconfiada.
Pedalamos ate umas 5:00 horas e paramos numa cidadezinha chamada Juquiar. Andamos muito para encontrar comida, mais uma vez comemos pão pois não havia outra coisa. Já estava anoitecendo quando vimos uma borracharia e pedimos para dormimos ali, não fomos aceitos e logo a 3 km encontramos um posto. Fizemos uma janta gostosa e dormimos bem na varanda de um bar abandonado.

27/03/2007

Merendamos antes de sairmos, conversamos um pouco, fumamos um pé-duro e saímos à pedaladas. Dentro de uns 40 km o sol estava muito quente, paramos em um posto de gasolina em Miracatu, onde telefonamos, e almoçamos o resto do pão, regado à bastante água. Encaramos subir os 30 km da serra, exatamente à 1:00 da tarde, o tempo continuava abrasador. Andamos 2 km e ficamos muito cansados...Não era autopista e os carros passavam tirando fino da gente, encontramos uma bica d’água gelada, o que fez a gente agüentar a pedalada. Com mais uns 7 km encontramos um restaurante, decidimos pedir comida pois já eram umas 5 horas e não havíamos almoçado. Contamos para o gerente nossa situação e ele encheu as nossas panelas e pedimos para não colocar carne. Comemos na frente de um altar religioso, olhando uma propaganda irônica de macarronada que estava na caçamba de um caminhão parado. Continuamos a subida e já era quase noite. Encontramos um mendigo numa parada de ônibus na beira da estrada com os sapatos furados e um cobertor felpudo. Seguimos empurrando as bicicletas mais uns 3 km e chegamos à cidade de Juquitiba. Jantamos uma melancia e dormimos em uma borracharia.

28/03/2007

Acordamos umas 6 horas, estava muito frio e a barraca molhada de orvalho, fomos enxugá-la e secar no sol que já raiava, o que demorou um pouco a nossa saída, no caminho percebemos que ainda se tinha muita estrada para subir, ainda podemos ver alguns restos de floresta, mas a medida que vamos se aproximando da cidade , ou melhor da capital, elas vão tomando outra forma dando lugar a selva de pedra, amontoado de casas e concreto, poluição e rios mortos. Seguimos sempre a BR116, chegamos ao grande túnel, um frio na barriga nos abateu, não tinha nem um palmo de acostamento, entramos mesmo assim, não se via pessoas, só carros, caminhões e motos, um barulho misturado com o ventilador gigante do túnel. Procuramos se acalmar para não perder o controle, isso já passava das 16horas e estávamos na entrada da cidade, seguimos pedalando, hora pressionado pelos ônibus, hora pela fileira de carros. Milhares... Paramos finalmente perto da parca da sé, pois já eram umas 9 horas da noite e não havíamos comida nada, há! Antes encontramos um casal de Alagoanos dormindo num viaduto, ele Antonio e esposa vieram a dois anos de lá, e mesmo tendo profissão definida,como caminhoneiro, mestre de obras, esta desempregado e não tem dinheiro para voltar, e dizia enfaticamente que nos tínhamos muita coragem de ter vindo bicicleta, nos dizemos que coragem tinham eles de ficar ali em baixo da ponte, seguimos após nos despedimos e conversados sobre alternativas, logo a frente subimos umas ladeiras e atravessamos a praça da Sé, a avenida radial leste, muito mais movimentada do que todas as outras, se tropeçássemos qualquer coisa seria fatal, a paranóia urbana estava reviravoltante, o Jorge fica meio calado, ele propõe que gente vá dormir numa pensão baratinha, os outros companheiros acharam que que era melhor chegarmos naquela noite, pois ficar em pensão não era ia resolver o problema no dia seguinte, ele concordou , acho que andamos uns 25 quilômetros de sufoco, as 12 horas chegamos na casa do Carlos e Deusane, que maravilha, casa de companheiros aconchegantes, fomos dormir depois de beber umas cervejas.

Dia 29/03/2007

Acordamos tarde a vista dos outros dias muito cansados ainda passamos o dia em casa, olhando os emails, fizemos comida e ficamos a conversar com Carlos e a ouvir suas belas musicas que nos anima a seguir a combativos. Fomos dormir tarde.

30/03/2007

Carlos e Jorge foram montar um banca na greve dos professores, Deusane ficou com a gente 12:00, ficamos o dia todo eu e o Inácio a responder emails. A noite ficamos a conversar e fomos dormir tarde.

31/03/2007

Acordamos cedo e fomos todos para a atividade no município de Ferraz de Vasconcelos, articulado pelos companheiros Carlos e Deusiane, com jovens que faziam parte de um cursinho, que é uma atividade de educação popular. Tivemos uma manha de discussão sobre o projeto ciclo vida que envolvia a questão das sementes, como transgênicos em fim o patentiamento da vida. Fizemos almoço coletivo na casa da Regina. A noite fomos para um sarau em Diadema com vários companheiros antigos de Inácio e Ivania, ali passamos a noite e dormimos.

01/04/2007

De manha tivemos uma discussão sobre a problemática do campo e a sobrevivência das sementes crioulas, daí saiu a proposta de uma discussão mais ampla com vários grupos que ficou marcada para dia 5, quinta feira. Na sub-sede Apeoesp de Diadema.

Notícias da estrada (12/03 a 18/03)

12/03/2007 (segunda-feira)

Levantamos cedo, merendamos, e fomos ver a plantação de arroz irrigado do Mauro. À tarde fomos ver a escola, filmamos, conversamos com alguns agricultores. À noite conversamos com Tobiano, um dos militantes que atuou em Eldorado dos Carajás no Pará e disse que só escapou do massacre porque tinha vindo para um encontro de trabalhadores no RS. Deu-nos algumas castanhas-do-pará que havia recebido de uma amiga do Pará.

13/03/2007 (terça-feira)

Acordamos cedo, merendamos e fomos conversar com a Cris, fizemos uma gravação do seu depoimento como militante mulher no movimento. À tarde fomos conversar com Dona Zulmira, que nos ofereceu um chimarrão. Voltamos pra casa e logo mais chegou o Mauro, com quem conversamos até umas horas da noite. Arrumamos as coisas para partir no dia seguinte. Ficamos um pouco com o Jalo e fomos dormir.

14/03/2007 (quarta-feira)

Acordamos bem cedo, gravamos entrevista com Marines, depois as crianças foram para a creche-escola, Marines e Jalo deram-nos arroz para a viagem: macarrão, biscoitos e pães, feijão e integrais. Despedimo-nos da Edna, e ficamos de encontrar com o Jalo e Marines na feira, estes ficaram de levar nossas coisas. Fomos à okupa, lá almoçamos e conversamos com a turma. Despedimo-nos inclusive do Grosseiro. Fomos para a feira, umas 4 horas da tarde, ficamos lá conversando com o prof. Anselmo, depois chegou o professor Protásio. Ficamos até a hora da gente sair. Jalo e Protásio arranjaram uma carona com um caminhão de feira, que nos levaria até Três Cachoeiras, há 200 km de Porto Alegre pelo litoral rumo a Santa Catarina, pela BR101. Na hora da partida veio o nó na garganta, mais uma vez a despedida é dolorosa. Fizemos todo esse trajeto em cima da carroceria do caminhão, no meio de uma grande carga de caixas de plástico vazias, quando descemos na cidade procuramos um local para colocar a barraca,mas já havia dois moradores de rua dormindo, então a pusemos na porta da Igreja e dormimos bem.

Dia 15/03/2007 – Quinta-feira

Saímos cedo, dividimos os pães que tínhamos com os moradores de rua e seguimos. Não havia acostamento, mas andamos boa parte da manhã ao lado de uma linda Lagoa, que inicia em Osório e vai até perto de Florianópolis, Há uns dez quilômetros paramos numa barraca de frutas para tomar água. O homem era alagoano, e tomei a coragem de saber se ele não podia nos dar um cafezinho e o cara-de-pau diz que não tem, “mas no posto dão”. Falou ainda que acha bom quando, vez por outra ver um nordestino passar, mata-lhe a saudade só em vê-lo. Uns dois quilômetros depois, encontramos uma caverna muito grande, parecia uma boca, merendamos lá, filmamos, tiramos fotos e seguimos. Pedalamos mais uns 15 km, e chegamos na cidade de Dom Pedro de Alcântara, que o prof. Anselmo de Porto Alegre havia falado que existia um Centro Ecológico, e nos aconselhou que procurássemos passar por lá, que podíamos encontrar algo interessante. Realmente encontramos o centro, e chegamos na hora certa: na hora do almoço, e também na hora que estava para sair uma caravana para conhecer as experiências acompanhadas por essa entidade. Contamos o objetivo da nossa viagem, fomos convidados para o almoço, ao mesmo tempo em que nos enturmamos com o pessoal da excursão (um grupo de mulheres vindas de Constantina e Passo Fundo, enviadas pela Federação dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais do Rio G. do Sul) que vieram conhecer formas de produção no sistema de agro floresta. Auto convidamo-nos para acompanhá-los, o que aceitaram. Deixamos as bicicletas e as bagagens no Centro e fomos no ônibus da caravana. Visitamos três experiências em dois municípios: Morrinhos do Sul e Três Cachoeiras de plantio agro florestal, onde se caracterizava como uma auto suficiência alimentar em pequenos extensões de terra.Voltamos a noite e pedimos para botar nossa barraca na garagem do Centro, o que foi aceito.

Dia 16/03/2007 – sexta-feira

Saímos do centro ecológico e entramos em Santa Catarina, e a estrada continuava sem acostamento. Em são João do sul pensamos em colocar as bicicletas no ônibus para atravessar os riscos. Procuramos internet e não encontramos. Passamos o dia comendo o pão integral que o Jalo e Marinêz nos deram, passamos em comboio por Sombrio – SC onde escrevemos e-mails e chegamos a tardinha em Maracajá – SC , onde nos permitiram botar a barraca no posto e fizemos comida de baixo dos eucaliptos.

Dia 17/03/2007 – sábado

Pedalamos a manha sobre chuva, meio dia o pneu da bicicleta do Inácio furou, encostamos num galpão abandonado para remendar a câmera o que foram umas duas horas de tentativas, almoçamos pão com banana, já eram 15:00 e seguimos
Continuamos ate o Km 37, quando um carro quase atropela Ivânia, a visibilidade estava difícil por conta da chuva, decidimos parar em Laguna, ouvimos o alto-falante de uma capela anunciando a missa para 19:00 quando rumamos para a capela e pedimos aos coordenadores da igreja para ficar aquela noite ali, os mesmo arranjaram uma casinha fechada do lado da igreja. O Sr. Ibrain que anda com dificuldade pois sofrera a anos atrás um acidente de carro, onde ficou lesionado seus pés, mesmo assim se dispôs prontamente a ir em sua casa sob chuva pesada buscar janta para nós. Choveu a noite toda. Dormimos bem.

18/03/2007

O Sr. Ibrain trouxe café, conversamos muito, ele dizia de sua vida de trabalho duro na roça, veio do campo mesmo assim mantém sua plantação na cidade, onde planta verduras, macaxeira, milho, cria galinha. Deixamos endereço e o cordel e o site do projeto e despedimos dos dois. Logo em seguida passamos por muita água, rios, lagos nas proximidades de Imaruí. Encontramos pessoas pescando, e falavam daquele rio que muitos pescadores viviam dali. Mas que hoje estava cada vez mais difícil de encontrar peixe. Seguimos mais 10Km, fomos encher o pneu e a câmara estourou, o que fez demorar um pouco mais. Seguimos. Ao meio dia passamos num local (Mirim e Vila Nova) encontramos uma casa de antigos pescadores numa pequena comunidade, e falavam que não dava mais para sobreviver da pesca e agricultura. Havia uma vila onde todos eram uma família, mas já estavam se desintegrando. Paramos 8 km depois em um posto e fomos telefonar para nossos filhos. Felizmente com eles estava tudo bem, mas tivemos a triste surpresa da morte de João Elias do Emaús e da madrinha da Ivânia, pessoas muito próximas e queridas.
Quanto ao João Elias era um companheiro que tínhamos amizade e uma relação nas atuações nos movimentos sociais, uns 18 anos de vivência juntos. A única notícia era que havia morrido, mas não sabíamos de que forma e já faziam uns 20 dias, segundo a pessoa nos informou. Buscamos nos comunicar com a família e não conseguimos. Com muita dificuldade ficamos sabendo que foi de infarto e ficamos sob choque. Mesmo desequilibrados com tamanho abalo decidimos pedalar pois havia ameaça de chuva para a tardinha, que veio uma duas horas depois. Passamos a chuva em outro posto e ficamos remoendo a dor de não poder partilhar com mais pessoas. Depois de andar mais uns 15 km vimos que tínhamos que parar, não dava mais pra continuar a pedalar com a carga negativa dos acontecimentos para os lados do Ceará. Paramos em frente a uma Igreja à beira da estrada onde havia uma área que dava para os fundos e dava pra nos proteger da chuva. Ali ficamos a digerir as notícias as perdas, não era fácil. Pensar em chegar no Ceará e não encontrar o João para partilhar essa viagem quem tanto se esforçou para contribuir com essa. E como estaria sua família e companheiros do Emaús Trapeiros de Fortaleza.
Decidimos apresar a viagem para ver como ajudar os companheiros da Emaús e filhos do João, estávamos a 30 km de Floripa, dormimos mal.

Notícias da estrada (07/03 a 11/03)

Dia 07/03/2007 (quarta-feira)

Saímos de Cordilha da Cruz de manha cedo e o que víamos ao longo de toda a BR era acampamento de indígenas em baixo de lonas de plástico preto quente, a expor seus artesanatos de palha, crianças desnutridas, adolescentes esperando algum turista que compre. Achamos que uns dez a quinze grupos em uns 30 km de percurso, alguns a gente parava e ficávamos só a olhar para as crianças, as mesmas só entender guarani. Paramos em um e falamos com José, e ele disse que estão ali desde 80 e ate hoje não conseguiram regularizar a terra, não a onde caçar nem onde plantar por isso precisam vender artesanato,andamos mais uns 20km e chegamos a um assentamento em Eldorado do Sul a 3 km da cidade, o Assentamento Integração Gaúcha, por ter sido um assentamento constituído por trabalhadores de varias regiões do estado. Fomos recebidos por Rose e Alderi em sua casa que depois no levou a conhecer a horta agro-ecológica da cooperativa da cooperativa, premiada por seu nível de organização e funcionamento. Quando chegamos no assentamento fomos informados que as mulheres de vários acampamentos ( MST e Via Campesina) estavam numa ação de protesto e contra o agronegócio ocupando uma unidade de pesquisa e experimentos da Aracruz Celulose.
Essa ação tinha a função de demarcar o dia da mulher e a visita de Bush ao Brasil que se daria no dia seguinte.

Dia 08/03/2007 (quinta-feira)

Fomos de bicicleta pra Porto Alegre, onde estava se iniciando a marcha de protesto. Ao entrarmos na cidade já nos deparamos com a caminhada e acompanhamos ate o palácio do governo onde seria entregue uma torta a Senhora Governadora Yeda, oferecida pelas mulheres campesinas por ocasião do seu dia.
Estávamos já integrados a caminhada quando fomos reconhecidos por uma companheira libertaria de Porto Alegre, que nos apresentou para os demais deste movimento, que se incorporavam ao protesto. Chegamos em fim ao ponto culminante da manifestação, entrega da torta no palácio. A torta oferecida anfitriã compunha-se de ingredientes incomuns, de uma “especial” composição mas de duvidosas recomendações para o consumo humano, tratando-se de uma torta de eucalipto.
Este presente foi extensivo com igual regalia ao presidente norte americano Bush, que visitava o Brasil nesta data “coincidente” cujo sentido desta visita indesejada não deixa duvida que seja uma injeção de apoio moral (imoral) político e financeiro a expansão do agronegócio. Como também buscar força para combater os inimigos do império; fortalecer os transgênicos e imposta a colonização da civilização encaliptocrática da celulose.
Seguida deste momento ouve uma apresentação teatral que apresentou uma peça denominada “As Lagrimas da Aracruz” que caricaturou muito felizmente por dentro e por fora dos bastidores desta intragável realidade de dominação capitalista do agronegocio. Em seguida fomos com os compas libertários Anarco punks para a sua residência numa okupa no centro de Porto Alegre onde guardamos as bicicletas e as bagagens de viagem, e conhecemos o resto da galera. A tardinha fomos para o UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul onde reencontramos a caminhada de protesto, que ali era contra um convênio da universidade com os títeres do agro-negócio da celulose para pesquisas. Na UFRGS reencontramos companheiras que havíamos conhecido no acampamento de ‘24 de Abril- Camaquã RS’ que depois de participarmos da finalização da manifestação, que custou de uma exposição e distribuição de produtos agro-ecológicos simbolizando o que querem os trabalhadores. Dali voltamos pra Okupa, onde dormimos.

09/03/2007 (sexta-feira)

Conhecemos o funcionamento da Okupa, iniciando o dia com a coleta de alimentos, reciclando legumes e verduras que sobram do mercado e que são jogados fora pelos comerciantes. Depois conhecemos o funcionamento interno da casa em que consta de sala de leitura, sala de vídeo, sala de pintura, serigrafia, música, fitoterapia, e literatura naturista, salão de reuniões, cozinha e refeitório coletivos, dormitórios, o início de um pequeno herbário para verduras e fitoterápicos e uma oficina de bicicletas. Há dois anos que funciona, com projeção de se estender para o campo, adjacências da grande Porto Alegre.

10/03/2007 (sábado)

Fomos à feira agro-ecológica no Parque da Redenção, onde acentados e pequenos produtores de vários pontos do estado, expõem seus produtos integrais e orgânicos para uma população de consumidores específica. Ali trocam entre si por valores de uso e pelo que acham justo. Nesta feira encontra-se o maior sortimento e variedades de produtos na linha da alimentação saudável: verduras, frutas, legumes, cereais, como também integrais industrializados, pães, bolos, doces, compotas e bebidas. Entre as muitas trocas que ocorrem as não menos importantes são as conversas, interações, trocas de idéias, etc. “É uma grande universidade!” assim definem dois professores (Anselmo e Protásio) que se voluntariam nessas atividades ajudando nos despachamentos com os produtores do assentamento Integração Gaúcha. Estes dois professores estão sempre ali aos sábados (P. Redenção) e quartas no Pátio da Secretaria de Agricultura do Estado, “enriquecendo-se deste conteúdo e enriquecendo esse ambiente”, como afirma. Lá encontramos várias pessoas de quem bebemos desta valiosa fonte: Jalo; Marines; o agrônomo Ricardo despachando informações; Valdeci, o produtor de arroz agro-ecólogico e bio-dinâmico que nos concedeu a entrevista; e com vários outros que pedimos desculpa pela injustiça de não lembrar de seus nomes agora. Ao final da feira, pela tardinha, voltamos ao assentamento Integração Gaúcha com Marines e Jalo e passamos na Ilha das Flores, onde Marines deu uma oficina de como se fazer pães integrais para um grupo do MTD – Movimento dos Trabalhadores Desocupados. Filmamos um pouco aquele momento e partimos. Às 10 horas da noite chegamos na casa do casal e lá já nos esperavam seus filhos, Gabriel e Maria, 7 e 10 anos de idade, respectivamente. Como também a companheira Edna, ativa participante das atividades daquela comunidade, que ficara com os pequenos na casa de Marines. Logo mais chegaram o professor Protásio que se comprometera de preparar um jantar de arroz carreteiro, trazendo consigo duas amigas suas. Passamos ali uma noite festiva e conhecemos a essência da alma gaúcha contada e cantada pelo professor ao cabo de um violão romântico e crítico com músicas de sua autoria e de outros. Tomamos uns licores, bons vinhos, cantamos e contamos também nossa história de ciclovida. E perto do amanhecer fomos dormir.

11/03/2007 (domingo)

Acordamos cedo. Ivânia ansiosa para falar com Camilo, afinal era data de seu aniversário. Falou com Sandino, Socorro, Camilo que a aliviou, mas não desapertou seu coração de tanta saudade. Pensando na falta muito grande deles de vê-los crescer, de estar perto de sua formação. À tarde fomos organizar as sementes, chegando depois a irmã e o cunhado de Marines e também a irmã do Jalo. Conversamos o resto da tarde. À noite fomos ver Marinês e Edna trabalhando na padaria. Fomos também visitar Mauro e Cristina e voltando para casa o Jalo foi mostrar suas fotos, muitos álbuns e nos ofereceu algumas fotos. E Boa noite!

Notícias da estrada (01/03 a 06/03)

Dia 01/03/2007 (quinta-feira)

Nos despedimos do companheiros Telmo e Milânia, recebemos de contribuição deles alimentos como sucos e compotas e geléias produzidos por aquela cooperativa (Copava).Do Assentamento Conquista de Liberdade município de Piratini – RS.
Os mesmos ofereceram para assim nos alimentarmos melhor na estrada. Mas uma despedida a mecher com a gente. Saímos dali fortalecidos pela solidariedade pedalando 8 kilometros,encontramos em frente a um camping encontramos os companheiros Cleversom e Débora e sua cachorrinha Lara do projeto (PedalEco). Ficamos um pouco a matar saudades dos dias que convivemos no Instituto de permacultura em Bagé. Andamos 10 Km dali o pneu do Inácio furou, remendamos claro e andamos mais uns 10 km enquanto o sol esfria o pneu seca novamente e procuramos a frente da casa de um agricultor para remendar, enquanto ele nos ajudava falava de sua situação, hoje só cria gado vende leite para atravessadores a 34 centavos o litro, passamos a tarde a conversar e ajeitar o pneu. Saímos dali a tardinha e encontramos um povoado já a noite à 15 km de Pelotas – Rs , e com um temporal que se aproximava botamos a barraca ali mesmo abaixo de uma barraca que vendia frutas durante o dia na beira pista, como poucos minutos com a barraca armada veio o temporal, muito vento e chuva a barra não agüentou o temporal, desramamos e passamos a noite de cócoras debaixo da barraca de venda de frutas, assim passamos a noite entre ventos e chuvas.

Dia 02/03/2007 (sexta-feira)

Saímos muito cansados, chegamos em Pelotas para ver os e-mails e comprarmos a fita da filmadora, já as 12 horas se quimos pedalando sempre com o tempo preparado para chover, a tarde foi de chuva. Chegamos a um posto de gasolina a noite e eles indicaram na área de um posto de saúde. Mesmo com chuva o Inácio conseguiu fazer a janta de seu aniversário. Dormimos bem!

Dia 03/03/2007 (sábado)

Turuçu- Rio Grande do Sul - Saímos com chuva, passamos em Cristal. Fomos comprar pão e queijo. 100 gramas de queijo era 2,00, um litro de leite daquele agricultor que nós conversamos eram 0,34 passado para a industria de laticínio. Na hora de receber o queijo o Inácio disse que tinha o dinheiro pra pagar, mas que não ia ficar com o queijo pois dar uma dentada naquele queijo seria como dar uma dentada na perna de um agricultor. O dono da padaria ficou com a cara muito fechada e fizemos carrera! Ao lado da BR encontramos também uma casa de pimentas, geléia, doces, sucos, massa de pimenta, feito pelos agricultores da região. Ficamos só com vontade de provar o doce de pimenta, mas não pudemos...era muito caro! Continuamos à pedalar e a chuva também à cair. Pedalamos mais uns 15 Km e encontramos um ônibus parado. Pela primeira vez um motorista de ônibus, chamado Wanderlei nos oferece carona, dizendo que estava indo pra Porto Alegre. Aceitamos! Mas ficamos de decidir se queríamos ir até Porto Alegre ou até Camaquã, onde estavam guardadas nossas sementes levadas por um companheiro, de Bagé até depois de Camaquã, para diminuir nossa carga. O que não sabíamos era que o ônibus estava com problema e de 10 em 10 km, inicialmente, tínhamos que descer pra colocar água no radiador que pegava fogo. Que depois diminuiu para 5 km e depois passamos a empurrar o ônibus, que era mais pesado, claro!, que as bicicletas. O dia todo conseguimos andar “de ônibus” uns 60 km. Enfim, o companheiro motorista, cansado, desiste da viagem e deixou o ônibus na sucata do amigo dele, Sr. Gastão...Que recebeu o ônibus e nos acolheu muito bem em seu galpão. Ali dormimos

Dia 04/03/2007 (domingo)

Levantamos cedo e fomos botar um pouco do relatório em dia na casa do Sr. Gastão. Despedimos-nos e seguimos viagem. Lá na frente, almoçamos pão com banana, já eram 12 horas. Pedalamos mais uns 15 km, para a nossa alegria encontramos o acampamento ‘24 de Abril’, onde paramos para conhecer a companheirada e logo nos convidaram para entrar. Depois de conversar com a coordenação do acampamento fomos convidados para almoçar e depois nos convidamos pra ficar ali aquele resto de dia e dormir. Conhecemos o acampamento que passa por momentos difíceis de reestruturação, contudo resistem: uma horta coletiva, uma cozinha coletiva, uma escola itinerante. A companheirada passou a noite fazendo cuca, bolo e pão para a marcha do Dia Internacional da Mulher em Porto Alegre e o fora Bush. Discutimos a questão da recuperação das sementes e como enfrentar o agro-negócio, cantamos canções de ninar a burguesia. Dormimos no alojamento dos militantes.

Dia 05/03/2007 (segunda-feira)

Acordamos cedo, tomamos café juntos com os companheiros do acampamento: Marina, Maria, Leandro e tanto outros que cometemos a injustiça de não lembrar os nomes.
Nos despedimos do acampamento e pegamos a estrada rumo à fazenda do João Wolkmann, um agrônomo que tem uma agro-indústria de arroz biodinâmica( segundo ele explica: a agricultura biodinâmica é a forma da aplicação da homeopatia na terra. A dinamização de fertilizantes naturais e sua aplicação na terra). Pedalamos uns 20 km e chegamos em sua fazenda, onde fomos bem recebidos por seus dois filhos e sua mãe, dona Alda. À tarde visitamos o plantio de arroz. Caiu o maior temporal que já vimos no Rio Grande do Sul. A fazenda ficou sem energia elétrica e dormimos.

Dia 06/03/2007 (terça-feira)

De manhã fomos ver a preparação dos fertilizantes homeopáticos, que consiste em: encher chifres de vaca de esterco que são enterramos no chão e depois de um ano, retirados, para serem feitas umas bolinhas que vão passar mais uns 3 meses dentro de um quarto fechado para serem diluídas em água e pulverizada em forma de benzedura, expressas em cruz, nas terras que vai receber o arroz pré-germinado. Almoçamos e mais uma vez, nos despedimos do pessoal e pegamos a estrada. Lucas, seu filho, andou conosco ainda uns 20 km. Chegamos nas imediações de Sertão de Santana, e avistamos vários acampamentos com pontos de vendas de artesanatos indígenas. Já anoitecia e procuramos saber se poderíamos ficar ali com eles e os mesmos orientou-nos a ir à aldeia falar com o cacique. Assim fizemos! O cacique Santiago escutou nossa preocupação com as sementes e disse que, hoje, os índios também estão preocupados com essa situação. O agro-negócio toma conta das terras. Ali naquela aldeia, por exemplo, são 36 famílias indígenas que conseguiram uma terra de 200 hectares. Assim, não há lugar para sua agricultura. À noite, na casa do cacique, se reuniam muitas crianças e adolescentes, no entanto sentimos que os índios também são vítimas da televisão, que ali se assistia. Mesmo assim, sentimos muita resistência, pois as crianças e adolescentes ainda falam o Guarani. Devida a terra ser pouca eles complementam a alimentação vendendo artesanato na beira da estrada. Fomos dormir. Acordamos no meio da noite com fortes trovoadas e relâmpagos. Ficamos com medo de ter acontecido alguma coisa pois todos da casa do cacique saíram e faziam enorme barulho, mas não entendíamos porque falavam em Guarani. Fizeram uma fogueira e todos voltaram a dormir.

domingo, 1 de abril de 2007

Em São Paulo...

"Entramos em São Paulo na noite do dia 27, lá pelas 11 e meia da noite. Saímos de Juquitiba às 8 da manhã, entramos em Sampa, chegamos na praça da Sé uma 10 e meia da noite, depois seguimos rumo leste pela radial leste acompanhando a linha de metrô sentido Sé - Corínthians."