terça-feira, 24 de julho de 2007

Relato 09 a 14/05/07

Dia 09/05/2007 – (Quarta – Feira)

Levantamos cedo, um motorista nos ofereceu chá, arrumamos a bagagem, Ivânia ligou para o Sandino e saímos, em seguida passamos no povoado Celso Boeme, comemos banana dada pelo pessoal que nos acercava como o José Pereira, e Léo, o dono da venda, etc. Um jovem do lugar pegou endereço do site (bloger). Prosseguimos, e adiante numa borracharia á frente, fomos informados de que entrando, dali (mostrando-nos uma estradinha de chão) há uns 3 km encontraríamos um pré-assentamento. Estávamos no município de Patrocínio, Minas Gerais. Fomos então. Chegando, nos deparamos para começar com uma cidade de carvoeiras, mais ou menos umas sessenta, queimando lenha e poluindo as casas dos moradores acampados, e crianças com problemas sérios de saúde, cujas causas mais visíveis são estas carvoeiras. As tais carvoeiras que queimam árvores nativas da fazenda de todo o coletivo, funcionam com umas 15 pessoas trabalhando em regime de diaristas, sem no entanto tais carvoarias pertencerem a comunidade, e sim, a um indivíduo, ex-arrendatário desta terra antes de ser ocupada, mora na casa-sede do assentamento, é cadastrado do INCRA. Segundo afirma o Nego, a terra já foi desapropriada, e o mais incrível alguém nos falou que o mesmo sujeito está com toda a papelada pronta para prorrogar por mais seis meses seu contrato com o fazenda, isto com autorização do IBAMA e tudo, para continuar destruindo a mata nativa para transformar em carvão. O ato da ocupação ocorrera em 08/12/2002, o que foi uma grande resistência e enfrentamento à classe dominante, seu latifúndio e sua repressão, bem representados pelo estado e seus diversos órgãos a seu serviço. Tivemos estas informações conversando com várias pessoas do pré-assentamento vítimas desta política de conivência, do INCRA e do IBAMA com a classe dominante, mentirosos que fingem não saber o que se passa debaixo do seus narigões. Conversamos com o Norival, mais conhecido como Nego. Foi muito boa a troca de conversas, e de experiências com os mesmos, para os quais expomos sobre nossas atividades, e eles nos repassaram um pouco sobre o realidade, inclusive a situação de algumas pessoas daquele acampamento que se encontram-se ameaçadas pelo INCRA/Estado, podem perder seus cadastros e sair da terra por estarem com seus nomes “sujos”, pelo fato de terem participado de uma ocupação de terra duramente reprimida, tendo sido assim indiciados pela polícia. Passamos no Sindicato dos trabalhadores de Patrocínio, para deixarmos nossa moção de apoio e solidariedade aos companheiros e não saímos de lá enquanto não ouvimos os diretores do STR de Patrocínio confirmarem seu empenho nesta questão na busca de uma resolução justa e satisfatória para estas famílias os injustiçadas.
Conseguimos várias receitas alternativas ao mercado com o Nego que de tudo já fez na vida para a sobrevivência da família, e que hoje encontra-se sozinho (sem a família) acampado, contribuindo para que ele e os outros consigam seu pedaço de terra. Este acampamento é mantido pelo Movimento Sindical. Dormimos na casa do Nego.

Dia 10/05/2007

Pela manhã demos uma pequena saída pela terra (Lia , Jorge e Inácio). Ivânia ficara conversando com o Nego e algumas mulheres, que curiosamente aproximavam-se daquela casa para nos conhecer. Curiosos também, os três (Lia Jorge e Inácio) procuravam uma pedra muito interessante, foi o que nos falaram, mas, mesmo sem encontrá-la, logo nos fartamos de procurar, por vermos tantas outras coisas, tão interessantes quanto a pedra procurada. Em seguida, estamos todos na casa do Nego, prontos para irmos embora, que, à convite, resolvemos passar na barraca/casa de Elcelene, onde almoçamos em sua companhia, de outras companheiras, de filh@s e de seu companheiro, com @s quais trocamos algumas sementes, falamos sobre a poluição das carvoeiras, tiramos fotos, nos despedimos e fomos embora. Chegamos dia seguinte (11/05) na cidade de Patrocínio, passamos no STR para deixar nossa moção de apoio aos trabalhadores prestes a serem prejudicados pelo INCRA. Ficamos conhecendo a realidade desta região, que aqui predomina a cultura do café, e há muita migração do norte de Minas, sudoeste baiano, etc. Saímos pela tarde, e fomos dormir no Posto Beira Rio, perto de uma cidadezinha chamada Guimarânia – MG.

Dia 12/05//2007

acordamos, fizemos merenda e almoço, a Ivânia ficou bastante preocupada porque ao telefonar para casa soube que o Sandino estava adoentado, mas tudo sob controle, a preocupação é muito com a distância. Ficamos conhecendo a família ecologista: o Geraldo, sua companheira e o filho Jaime, com uma bicicleta carregando uma carrocinha com equipamentos de som e imagem, entre outros para sua atuação nas tarefas ecológicas de defesa das nascentes de água da região. Passamos o dia com eles, que nos filmaram e também os filmamos, como também documentamos a situação do rio Espírito Santo, que recebe os dejetos das indústrias de asfalto em sua margens.

Dia 13/05/2007

Fizemos as filmagens do Rio Espírito Santo juntos com a família ecologista (Geraldo e seu filho Jaime), conversamos com moradores ribeirinhos e partimos. Pelos caminhos apanhamos muito feijão andu ou Cuandu, como alguns chamam, catamos também tomates que produziram pelas margens da estrada, vimos muita plantação de café, muito desmatamentos, passamos pela cidade de Patos de Minas, e brincamos dizendo: “vamos passar direto pela cidade patogênica”, enfim fomos dormir num posto de gasolina há uns 30 km de Varjão de Minas.

Dia 14/05/2007

Saímos ás 08 horas da manhã, há 13 km encontramos o Assentamento Santo Antônio, do movimento sindical, não foi possível maiores comunicação, as pessoas com quem conversamos não se interessaram pelo assunto ou não entenderam, portanto não restando outra que não fosse bater em retirada. Na frente paramos para fazermos o almoço, debaixo de uma árvore vizinha a uma casa com pouquíssima sombra. Almoçamos e seguimos em frente e chegamos a tardinha em varjão de Minas, e a noite fizemos a despedida da Lia, que deu por encerrado este momento com o Ciclovida, expirava seu tempo, segundo ela. Conversamos um pouco em tons de avaliação, então dormimos.

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